Tendo como princípio a atuação ímpar
do professor na formação do cidadão freqüentador de uma unidade de
aprendizagem: a escola, a questão da aprendizagem pode passar pela questão de
entender a relação professor-aluno e a representação que o primeiro tem em
relação ao segundo.
Este
estudo procura contribuir com reflexões para que seja possível uma revisão e
reciclagem de práticas e metodologias que indique um caminho inverso ao
universo da mídia: a afetividade e a atuação de um jovem criativo, executor de
obras sociais. O intuito principal é auxiliar este jovem a canalizar energias
para sua autonomia e construção de uma identidade cidadã saudável.
Tomando como base que a Psicopedagogia
tem como objeto de estudo o APRENDER, preocupando-se no seu surgimento com as
questões relacionadas aos déficits de aprendizagem, torna-se um suporte rico de
contribuição neste trabalho. A preocupação principal da Psicopedagogia é o
aprendizado do ser humano, integrando o cognitivo e o afetivo para realizar o
processo como um todo.
Para fazermos uma junção do nome
propriamente dito, teremos: “Pedagogia” que se preocupa mais com o conhecimento
cognitivo e intelectual; e a “Psicologia” que está voltada para a busca do bem
estar do indivíduo. Então temos a PSICODEDAGOGIA que relaciona a capacidade do
aluno de se sentir competente no seu aprendizado, relacionando-o com prazer.
A
Psicopedagogia dos conteúdos na sala de aula revoluciona a inter-relação
professor-aluno. Se de um lado o aluno é visto de um modo integrativo e
participa da construção do conhecimento, de outro é indispensável uma
transformação na postura do professor. É
importante que o educador tenha os cuidados necessários para permitir que a
autonomia do educando avance sem que ele, educador, se sinta ameaçado e não
exija mais que o aluno pode dar. Ao facilitar e organizar o processo produtivo
de aprendizagem o educador deve assegurar a todos a prática e vivência, a
possibilidade de observar e construir o conhecimento.
O
trabalho psicopedagógico atua não só no interior do aluno ao sensibilizar para
construção do conhecimento, levando em consideração os desejos do aluno, mas
requer também uma transformação interna do professor. Para que o professor se
torne um elemento facilitador que leve o educando ao desenvolvimento da
autopercepção, percepção do mundo e do outro, integrando as três dimensões,
deve estar aberto e atento para lidar com questões referentes ao respeito
mútuo, relações de poder, limites e autoridade. Quando se fala da profissão
professor, não se pode deixar de enfatizar a “Influência do Professor e do
ambiente escolar” na vivência dos alunos.
A seriedade profissional do professor se
manifesta quando compreende o seu papel de instrumentalizar dos alunos para a
conquista dos conhecimentos e sua aplicação na vida prática; incute-lhes a
importância do estudo na superação das suas condições de vida; mostra-lhes a
importância do conhecimento das lutas dos trabalhadores, orienta-os positivamente
para as tarefas da vida adulta. Tais propósitos devem ser concretizados na
prática, através de aulas planejadas nas quais se evidenciem a segurança nos
conteúdos e nos métodos de ensino; a constância e firmeza no cumprimento das
exigências escolares pelos alunos; o respeito no relacionamento com os alunos.
Temos o paradigma de que o professor ao
mesmo tempo em que não deve contemporizar com a negligência e com o
descumprimento dos deveres, deve estar atento para o bem relacionamento humano
com os alunos. O respeito se manifesta, pois, no senso de justiça, no
verdadeiro interesse pelo crescimento do aluno, no uso de uma linguagem
compreensível, no apoio às suas dificuldades, nas atitudes firmes e serenas.
O ambiente escolar pode exercer, também
um efeito estimulador para o estudo ativo dos alunos. Os professores precisam
procurar unir-se a direção da escola e aos pais para tornar a escola um lugar
agradável e acolhedor. Uma
das poucas alegrias da vida numa época de ansiedade é o fato de sermos forçados
a tomar consciência de nós mesmos. Quando a sociedade contemporânea, nesta fase
de reversão de padrões e valores, não consegue dar-nos uma nítida visão “do que
somos e do que devemos ser”, vemo-nos lançados à busca de nós mesmos. A
dolorosa insegurança que nos rodeia torna-se um incentivo a indagar: será que
nos passou despercebido algum manancial de força e orientação?
De
modo geral prefere-se indagar: como é possível alcançar a integração interior
numa sociedade tão desintegrada? Ou então: como empreender a longa evolução
para a auto-realização numa época em que quase nada é certo, nem no presente,
nem no futuro?
Gente
muito preocupada tem ponderado tais questões. O psicoterapeuta não possui
respostas mágicas. A nova luz que a psicologia profunda lança sobre os motivos
ocultos dos nossos pensamentos, sentimentos e ações será de grande ajuda, sem
dúvida alguma, na busca do próprio eu. Mas existe algo além dos conhecimentos
técnicos e compreensão pessoal que anima o sujeito a aventurar-se até onde os
anjos temem pisar e apresentar suas idéias e experiências sobre as difíceis
questões da vida.
Observando
a história da humanidade, podemos perceber que hoje, mais do que nunca, o
processo de desenvolvimento está centrado na aquisição do conhecimento e marcado
por grandes transformações. Atualmente a humanidade vivencia grandes avanços
tecnológicos que possibilitam a ocorrência acelerada de novas pesquisas e
descobertas. Para acompanhar esse processo de mudanças a aquisição do
conhecimento torna-se imprescindível.
Além
disso, vivemos a era da integração em todos os setores do planeta, que se
expressa de maneira mais ampla, pelo fenômeno da globalização. Percebemos que
em todos os níveis e nas diferentes áreas de atuação existe um grande anseio,
uma busca constante pela integração. Esse movimento é pouco explicitado, mas
percebe-se que está presente em estado latente na maioria de nós.
A
descoberta de nosso potencial permite não só o reconhecimento de nossa
capacidade de autoria, mas também cria condições para a abertura de espaços
onde outros se reconheçam autores.
Para
isso não há mágica. Com certeza a origem dessas mudanças passa pela educação.
Recentemente, várias mudanças curriculares têm sido realizadas propondo educar
o indivíduo para torná-lo cidadão. Tais medidas significam um avanço.
Entretanto, essas medidas só serão bem sucedidas se forem acompanhadas de um
trabalho com os indivíduos aprendentes que habitam em cada ensinante. Ou seja,
com os educadores responsáveis pelas linhas de frente da educação.
Neste
sentido a escola deve ser um espaço de promoção da articulação da realidade
interna e externa do aprendiz, tornando a educação e a formação como um
trabalho de duas questões indissociáveis. Uma das tarefas da escola é
desenvolver a habilidade de negociação e a convivência pacífica, como algo
imprescindível em um mundo globalizado. A escola deve trabalhar o
autoconhecimento como possibilidade de abertura para o desenvolvimento da
autonomia e da capacidade de julgamento.
A
tônica desses princípios é o compromisso com a cidadania exigindo, para isso,
educadores críticos da realidade e uma escola que não seja apenas reprodutora
das relações de trabalho, mas que possibilite o desenvolvimento do
autoconhecimento dos educadores, a fim de que construam relações de autonomia.
Esses princípios enfatizam em igual medida as áreas convencionais no que se
refere ao domínio das disciplinas; a dimensão social, no que se refere aos
valores e atitudes; a dimensão pessoal, no que se refere aos afetos,
sentimentos e preferências dos indivíduos.
A
concretização desses princípios exige um investimento de possibilidades de
aprender a aprender de alunos e educadores. Para isso, a escola necessita de um
espaço onde os educadores possam recriar a si mesmos como aprendentes,
sentindo-se autores de seus próprios pensamentos e, conseqüentemente, capazes
de ensinar e aprender.
Esses
fatos, aliados ao contexto global explicam a importância crescente da
psicopedagogia, que na sua concepção atual, já nasce com uma perspectiva globalizadora
condizente com os rumos da aprendizagem na atualidade. Ela ocupa um lugar
privilegiado porque justamente não está em um único lugar, sua força está
justamente localizada no poder transitar pelas fendas, pelos espaços entre
objetividade/subjetividade – ensinante/aprendente.
De acordo com CIAMPA (1998), num
primeiro momento somos levados a ver a identidade como um traço estatístico que
define o ser. Como algo que aparece isoladamente, imutável, estático.
A
partir dessas considerações, penso que a Construção da Identidade é uma Questão
de Aprendizagem. Precisamos sempre nos perguntar quem queremos ser a partir da
possibilidade de aprender. Quando perguntamos quem queremos ser, essa pergunta
sem uma resposta prévia, pode nos assustar. Entretanto, como futuros
profissionais psicopedagogos, não podemos nos esquecer que a força da
Psicopedagogia é justamente poder perguntar sobre seu próprio objeto, porque a
Psicopedagogia trata do aprender e aprender implica perguntar e perguntar-se.
Parece
então necessário e saudável que a Psicopedagogia como outra área de
conhecimento ligada com a subjetividade do “Ser – Humano” esteja sempre aberta
para perguntar sobre sua identidade, considerando os conhecimentos adquiridos,
o presente e o futuro, enfim, o desejo de se transformar, de continuar
crescendo.
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