Fabrícia Moraes
Pode-se dizer que toda aprendizagem esconde em si aspectos emocionais. A interação entre pais e filhos proporciona relações de confiança e respeito mútuo. No caso particular de crianças, o contato freqüente com os pais contribui para o aprender a pensar, a decidir a elaborar o próprio pensamento.
Se a criança não se sente segura do amor e atenção dos pais, ela poderá desenvolver uma situação de rejeição ao afeto esporádico. Tem medo de qualquer vivência que demonstre intimidade. Não basta ser simplesmente pai ou mãe e participar dos eventos escolares, é preciso criar intimidade satisfatória para ambas às partes, pois as crianças sentem quando estamos felizes perto delas ou quando revelamos momentos de carinhos.
O afeto é o princípio norteador da auto-estima. Quando o vínculo afetivo é associado à aprendizagem, nota-se um estado de motivação, auto-controle da criança e seu bem estar. É importante ressaltar que, atendendo as necessidades afetivas de seus filhos, desde cedo, eles se tornarão mais satisfeitos consigo mesmo e com os outros, e terão mais facilidades e disposição para aprender.
No convívio familiar, a criança começa a aprender regras básicas e essenciais da vida na sociedade, assim, se tornarão aptas a freqüentar uma sociedade mais ampla. Se a dinâmica familiar e o comportamento dos pais não forem adequados, resultaram em sérios problemas no caráter da criança, e ela virá a demonstrar esses comportamentos adquiridos no meio social e escolar com atitudes violentas de defasagem de valores. Dulce Vieira (1981, p.39) enfatiza a seguinte questão: “[...] a criança necessita de modelos sociais para seguir e, sobretudo de manifestações de carinho e afeto em todas as suas experiências no processo de relacionamento familiar e social”.
No entanto, a família deve se preocupar em estabelecer uma rotina, bons hábitos e o mais importante, impor limites para sua atuação e realização de seus desejos. Não podemos esquecer que a criança esta sendo criada e educada para fazer parte de uma determinada sociedade que tem regras, valores e padrões já formados.
Podemos considerar o desenvolvimento da criança um processo mediado socialmente e culturalmente, neste caso será obrigado a levar em conta a importância dos contextos sociais, principalmente da escola e da família, nos quais esse crescimento pessoal é uma realidade.
É necessário que a escola e a família, compartilhem critérios educativos que facilite o crescimento harmônico das crianças, para isso, é importante que família esteja sempre em contato com os educadores, para manter-se informada sobre o desenvolvimento do seu filho.
Bassedas (1999, p.285) ressalta que os contatos informais são importantes porque possibilita um conhecimento progressivo dos agentes educadores da criança, ajudam os pais e as mães a tranqüilizarem-se e verem com segurança a estadia do seu filho na escola, e permitir que a própria criança perceba que as pessoas que lhes são significativas, demonstram que se importam profundamente com ela.
Os pais nunca devem deixar que a escola seja a principal responsável pela educação de seus filhos. É importante estabelecer uma relação equilibrada e integrada entre estes contextos. Afinal, os contextos são diferentes, mas a criança é a mesma em ambos. A criança precisa se sentir segura, protegida, assistida e amparada, principalmente quando começa a apresentar problemas na aprendizagem.
Em se tratando da aprendizagem humana, quando ocorre alguma disfunção nesse processo surgem às dificuldades de aprendizagem. Essa dificuldade em aprender, de uma parte significativa dos estudantes, pode estar refletindo conflitos gerados dentro do núcleo familiar.
Podemos citar diversos fatores dentro da família que são apontados como aspectos agravantes das dificuldades na aquisição de conhecimentos. São eles: o alcoolismo, o uso de drogas, as ausências prolongadas dos pais, as enfermidades, falecimento dos pais, a violência doméstica, a separação conjugal. A relação de competitividade e rivalidade entre irmãos, fatores sócio-econômicos, os maus hábitos (permitidos ou negligenciados pelos pais), como assistir televisão demasiadamente e falta de descanso também são fortes contribuintes com o fraco desempenho escolar.
A participação dos pais nas atividades escolares também é muito valorizada. Os pais devem ser cautelosos em relação às condições que envolvem o ato de estudar. A criança apresentará melhores resultados se realizar seus estudos em um ambiente organizado, bem iluminado, silencioso, horário fixo de estudo, material escolar completo e atraente. As condições após a execução do ato de estudar são conseqüências positivas, como elogios e recompensas.
Os familiares comumente culpam a criança pela dificuldade de aprendizagem. Acabam dizendo que os filhos são responsáveis pelo problema, acreditam que eles não tenham interesse pelos conteúdos escolares, são preguiçosos para realizar as tarefas, são distraídos, menosprezam os esforços que os pais fazem por eles e são mal-criados. Tal crença faz com que as crianças se responsabilizem por algo que não compete somente a elas, o que prejudica a auto-estima, bem como gera reações emocionais de tristeza, irritabilidade, cansaço e, com freqüência, desinteresse pelo estudo. Além disso, essa idéia não oportuniza a busca de auxílio adequado à criança, que verifique os motivos da dificuldade e que direcione quais são as modificações necessárias, sendo estas no âmbito da família, da escola e da própria criança.
REFERÊNCIAS
BASSEDAS, E.; HUGULT, T.; SOLE, I. Aprender e Ensinar na Educação Infantil. Porto Alegre: Artes Médicas Sul,1999.
MACHADO, D. V. M. Meu Filho é Agressivo: O que preciso saber a respeito da agressividade Infantil. São Paulo- SP: Almed, 1981.
OLIVEIRA, Z. de M. R. de. Educação Infantil: Muitos Olhares. 5ª ed., São Paulo: Cortez, 2001.
SMITH, C.; STRICK, L. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. tradução: DAYSE, B. Porto Alegre: Artmed, 2001.
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