segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Influência da Mídia na Aprendizagem do Comportamento Agressivo

Fabrícia Moraes

Os meios de comunicação de massa (rádio, televisão, jornais, cinema, fotografia) constituem um dos traços mais característicos da sociedade moderna. A mídia necessita de acontecimentos marcantes, por este motivo a violência, com toda a sua carga de agressões sangrentas e grande nível de crueldade, que chega a causar indignação na população, é um excelente tema para ser abordado de forma massificante e sensacionalista pelos meios de comunicação.

Num grau exagerado, a mídia transmite a violência em diversos tipos de programas, como filmes, telejornais, diversos desenhos animados e programas infantis. Lamentavelmente o público infantil é atingido de maneira brutal, e este excesso de violência acaba influenciando o comportamento das crianças.

Em sua fase de formação a criança tende a imitar seus pais, professores ou “heróis” que estão próximos. Se a maior parte do tempo ela passa em contato com a televisão, consequentemente haverá uma identificação com o que é apresentado e passa a aceitar as informações como verdadeiras, porque ainda não consegue discernir entre o certo e o errado.

Logo acabará por apresentar em seus comportamentos o que aprendeu por meio das identificações. Assim a violência pode facilitar o comportamento agressivo e anti-social na criança, isto pode ser agravado na adolescência e também na vida adulta. Dulce Vieira (1981, p.39) discute sobre o assunto:

No que diz respeito à violência, sabemos que as histórias em quadrinhos, a televisão e a literatura policial podem levar ao mundo da criança imagens que podem chegar a requintes de perversidade. [...] a apresentação de conteúdos violentos em histórias em quadrinhos ou em desenhos animados é suficiente para modelar um comportamento agressivo na maioria das crianças.

A grande importância que é dada pela mídia ao crime, estimula a mente juvenil à aventura pervertidas. Porém, a mídia também oferece valiosos instrumentos de formação da personalidade.

É lastimável que os espaços reservados ao lado ético e dignificante do pensamento humano, necessários para a formação da identidade das crianças, sejam demasiadamente pequenos e nem sempre são apresentados de forma atraente.

A violência é expressa frequentemente como um comportamento aceitável, nos desenhos animados, entre outros programas infantis, é normal ver um personagem agredindo ao outro com chutes, socos, lançando objetos, utilizando armas como facas, revolver, bombas para matar o adversário que na maioria das vezes inexplicavelmente sobrevives às agressões.

Estas agressões causadas e sofridas pelos personagens dos desenhos são muito atraentes e divertidas para as crianças, os personagens lhes serviram de modelo e logo tentaram reproduzir as ações violentas observadas que mais se identificaram.

A criança em decorrência a tanta violência nos meios de comunicação, pode exibir uma incidência relativamente elevada de hostilidade. Em alguns casos chegam a maltratar o próprio corpo pondo em risco a própria vida!

Mary A. Fischer (2006, p.75, 76) conta em sua reportagem a revista Seleção que na Califórnia, um garoto de 14 anos foi encontrado pendurado do lado de fora da janela do seu quarto com a corda da persiana presa em seu pescoço.

Ele havia experimentado o arriscado “jogo da asfixia”, no qual os adolescentes impedem durante alguns minutos a respiração impedindo que o oxigênio chegue ao cérebro com o intuito de atingir um estado de euforia semelhante a algumas drogas.

O garoto havia conhecido essa brincadeira bizarra por meio de amigos e da internet. Tragicamente essa brincadeira lhe custou à vida. Ele morre por acidente enquanto brincava com a corda.

Outro caso narrado por Mary A. Fischer (2006, p. 76, 77) fala sobre uma garota de também 14 anos, que sempre após o jantar costumava passar cerca de duas horas no computador. Através da internet, ela passou a visitar sites que abordavam assuntos sobre anorexia e automutilação, muitos desses sites além de discutir o assunto, incentivavam estas práticas.

A garota passou a ser adepta a ambas as práticas, na tentativa de lidar com emoções dolorosas e com a baixa auto-estima. Ao cortar os braços e as pernas ela associava a dor causada pelos cortes uma forma de extravasar todas as suas angústias e tensões.

Estes dois exemplos mostram-nos o quanto os meios de comunicação podem influenciar de forma negativa e destrutiva o comportamento do individuo. Somos bombardeados todos os dias com notícias de assassinatos, roubo, massacre, ataques terroristas, guerra. Algumas senas são tão fortes que ficamos horrorizados de imaginas o quanto o ser humano consegue atingir tal nível de crueldade.
Os jogos virtuais também estão repletos de violência, eles além de banalizam a brutalidade, estimulam a indiferença pelos outros e viciam.  Alguns exemplos desses tipos de jogos é o Carmageddon, que consiste em uma corrida de carros frenéticos cujo objetivo é atropelar gente, especialmente velhinhas e crianças; Postal, nesse jogo o divertimento é matar o maior número de cidadãos; Mortal Combat, é um jogo de luta, disputada com socos, chutes e poderes mágicos, a luta só termina com a morte, sempre violenta, de um dos dois personagens. Como podemos ver, essa categoria de jogos se supera a todo o momento, e quanto mais violento seu conteúdo mais fascinante ele se torna.
Sem dúvida alguma, o pior efeito já comprovado em decorrência da veiculação de imagens com alto índice de agressividade é o de insensibilizar a criança para a violência que ela presencia. Dulce Vieira (1981, p. 40) diz o seguinte:

As crianças submetidas a esse tipo de influência demonstram uma tolerância cada vez maior ao observarem atos de agressão, não só nos meios de comunicação como também na vida real. Dessa forma, desenvolve-se nela uma apatia progressiva e até mesmo uma certa complacência em relação ao crime e a violência.

Diante de tais fatos, é muito importante que tenhamos consciência do nosso papel na formação da identidade e desenvolvimento da criança. As pessoas as quais a criança está afetivamente ligada podem minimizar os efeitos dos valores e atitudes veiculados pelos meios de comunicação, transmitindo as crianças atitudes éticas e valores verdadeiramente importantes.

É de responsabilidade dos adultos explicarem as crianças o que é certo e o que é errado, tanto no convívio diário como nos programas transmitidos pelos meios de comunicação.
Além disso, a influencia exercida pelos pais e profissionais envolvidos no processo de desenvolvimento psicosocial da criança poderão diminuir eventualmente os efeitos da violência nos meios de comunicação. 

REFERÊNCIAS

AZEVEDO,Mario. A Teoria Cognitiva Social de Albert Bandura. Lisboa-PT, 1997. (Faculdade de CiEncias)

COLL, César; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Alvaro. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia da Educação. V.2., Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1996.

DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. 3ª ed., São Paulo-SP: MAKRON Books, 2001.

FISCHER,Mery A. Jovens arriscam a vida de um jeito novo e perigoso: diversão que mata. Rev. Seleções reader’s Digest. Rio de Janeiro.jun/2006.

MACHADO, Dulce V. M. Meu Filho é Agressivo: O que preciso saber a respeito da agressividade Infantil. São Paulo- SP: Almed, 1981.

ORTEGA, Rosario; REY, Rosario Del. Estratégias Educativas para a Prevenção da Violência. Brasília: UNESCO, UCB, 2002.

Um comentário:

Cláudio Viana disse...

Muito bom o blog, adorei mesmo, vou mandar o link para outras pessoas.
Adorei o que vc escreveu, realmente, a midia ela tem uma inflencia muito grande na vida de uma pessoa, principalmente na vida de uma criança, como vc mesmo colocou, elas seguem um modelo, um heroi, e por isso querem imitar tudo, e é ai que mora o perigo. Espero que esse blog seja lido por varias pessoas, para que possamos acordar e saber usar melhor esse meio, que é muito bom, mas por outro lado,quando usado indevidevidamente, pode trazer danos, até a morte, como vimos do rapaz citado no text acima...
Abraçao, continue postando, por favorrrrrr