Fabrícia Moraes
Os meios de comunicação de massa (rádio, televisão, jornais, cinema, fotografia) constituem um dos traços mais característicos da sociedade moderna. A mídia necessita de acontecimentos marcantes, por este motivo a violência, com toda a sua carga de agressões sangrentas e grande nível de crueldade, que chega a causar indignação na população, é um excelente tema para ser abordado de forma massificante e sensacionalista pelos meios de comunicação.
Num grau exagerado, a mídia transmite a violência em diversos tipos de programas, como filmes, telejornais, diversos desenhos animados e programas infantis. Lamentavelmente o público infantil é atingido de maneira brutal, e este excesso de violência acaba influenciando o comportamento das crianças.
Em sua fase de formação a criança tende a imitar seus pais, professores ou “heróis” que estão próximos. Se a maior parte do tempo ela passa em contato com a televisão, consequentemente haverá uma identificação com o que é apresentado e passa a aceitar as informações como verdadeiras, porque ainda não consegue discernir entre o certo e o errado.
Logo acabará por apresentar em seus comportamentos o que aprendeu por meio das identificações. Assim a violência pode facilitar o comportamento agressivo e anti-social na criança, isto pode ser agravado na adolescência e também na vida adulta. Dulce Vieira (1981, p.39) discute sobre o assunto:
No que diz respeito à violência, sabemos que as histórias em quadrinhos, a televisão e a literatura policial podem levar ao mundo da criança imagens que podem chegar a requintes de perversidade. [...] a apresentação de conteúdos violentos em histórias em quadrinhos ou em desenhos animados é suficiente para modelar um comportamento agressivo na maioria das crianças.
A grande importância que é dada pela mídia ao crime, estimula a mente juvenil à aventura pervertidas. Porém, a mídia também oferece valiosos instrumentos de formação da personalidade.
É lastimável que os espaços reservados ao lado ético e dignificante do pensamento humano, necessários para a formação da identidade das crianças, sejam demasiadamente pequenos e nem sempre são apresentados de forma atraente.
A violência é expressa frequentemente como um comportamento aceitável, nos desenhos animados, entre outros programas infantis, é normal ver um personagem agredindo ao outro com chutes, socos, lançando objetos, utilizando armas como facas, revolver, bombas para matar o adversário que na maioria das vezes inexplicavelmente sobrevives às agressões.
Estas agressões causadas e sofridas pelos personagens dos desenhos são muito atraentes e divertidas para as crianças, os personagens lhes serviram de modelo e logo tentaram reproduzir as ações violentas observadas que mais se identificaram.
A criança em decorrência a tanta violência nos meios de comunicação, pode exibir uma incidência relativamente elevada de hostilidade. Em alguns casos chegam a maltratar o próprio corpo pondo em risco a própria vida!
Mary A. Fischer (2006, p.75, 76) conta em sua reportagem a revista Seleção que na Califórnia, um garoto de 14 anos foi encontrado pendurado do lado de fora da janela do seu quarto com a corda da persiana presa em seu pescoço.
Ele havia experimentado o arriscado “jogo da asfixia”, no qual os adolescentes impedem durante alguns minutos a respiração impedindo que o oxigênio chegue ao cérebro com o intuito de atingir um estado de euforia semelhante a algumas drogas.
O garoto havia conhecido essa brincadeira bizarra por meio de amigos e da internet. Tragicamente essa brincadeira lhe custou à vida. Ele morre por acidente enquanto brincava com a corda.
Outro caso narrado por Mary A. Fischer (2006, p. 76, 77) fala sobre uma garota de também 14 anos, que sempre após o jantar costumava passar cerca de duas horas no computador. Através da internet, ela passou a visitar sites que abordavam assuntos sobre anorexia e automutilação, muitos desses sites além de discutir o assunto, incentivavam estas práticas.
A garota passou a ser adepta a ambas as práticas, na tentativa de lidar com emoções dolorosas e com a baixa auto-estima. Ao cortar os braços e as pernas ela associava a dor causada pelos cortes uma forma de extravasar todas as suas angústias e tensões.
Estes dois exemplos mostram-nos o quanto os meios de comunicação podem influenciar de forma negativa e destrutiva o comportamento do individuo. Somos bombardeados todos os dias com notícias de assassinatos, roubo, massacre, ataques terroristas, guerra. Algumas senas são tão fortes que ficamos horrorizados de imaginas o quanto o ser humano consegue atingir tal nível de crueldade.
Os jogos virtuais também estão repletos de violência, eles além de banalizam a brutalidade, estimulam a indiferença pelos outros e viciam. Alguns exemplos desses tipos de jogos é o Carmageddon, que consiste em uma corrida de carros frenéticos cujo objetivo é atropelar gente, especialmente velhinhas e crianças; Postal, nesse jogo o divertimento é matar o maior número de cidadãos; Mortal Combat, é um jogo de luta, disputada com socos, chutes e poderes mágicos, a luta só termina com a morte, sempre violenta, de um dos dois personagens. Como podemos ver, essa categoria de jogos se supera a todo o momento, e quanto mais violento seu conteúdo mais fascinante ele se torna.
Sem dúvida alguma, o pior efeito já comprovado em decorrência da veiculação de imagens com alto índice de agressividade é o de insensibilizar a criança para a violência que ela presencia. Dulce Vieira (1981, p. 40) diz o seguinte:
As crianças submetidas a esse tipo de influência demonstram uma tolerância cada vez maior ao observarem atos de agressão, não só nos meios de comunicação como também na vida real. Dessa forma, desenvolve-se nela uma apatia progressiva e até mesmo uma certa complacência em relação ao crime e a violência.
Diante de tais fatos, é muito importante que tenhamos consciência do nosso papel na formação da identidade e desenvolvimento da criança. As pessoas as quais a criança está afetivamente ligada podem minimizar os efeitos dos valores e atitudes veiculados pelos meios de comunicação, transmitindo as crianças atitudes éticas e valores verdadeiramente importantes.
É de responsabilidade dos adultos explicarem as crianças o que é certo e o que é errado, tanto no convívio diário como nos programas transmitidos pelos meios de comunicação.
Além disso, a influencia exercida pelos pais e profissionais envolvidos no processo de desenvolvimento psicosocial da criança poderão diminuir eventualmente os efeitos da violência nos meios de comunicação.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO,Mario. A Teoria Cognitiva Social de Albert Bandura. Lisboa-PT, 1997. (Faculdade de CiEncias)
COLL, César; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Alvaro. Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia da Educação. V.2., Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1996.
DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. 3ª ed., São Paulo-SP: MAKRON Books, 2001.
FISCHER,Mery A. Jovens arriscam a vida de um jeito novo e perigoso: diversão que mata. Rev. Seleções reader’s Digest. Rio de Janeiro.jun/2006.
MACHADO, Dulce V. M. Meu Filho é Agressivo: O que preciso saber a respeito da agressividade Infantil. São Paulo- SP: Almed, 1981.
ORTEGA, Rosario; REY, Rosario Del. Estratégias Educativas para a Prevenção da Violência. Brasília: UNESCO, UCB, 2002.
Um comentário:
Muito bom o blog, adorei mesmo, vou mandar o link para outras pessoas.
Adorei o que vc escreveu, realmente, a midia ela tem uma inflencia muito grande na vida de uma pessoa, principalmente na vida de uma criança, como vc mesmo colocou, elas seguem um modelo, um heroi, e por isso querem imitar tudo, e é ai que mora o perigo. Espero que esse blog seja lido por varias pessoas, para que possamos acordar e saber usar melhor esse meio, que é muito bom, mas por outro lado,quando usado indevidevidamente, pode trazer danos, até a morte, como vimos do rapaz citado no text acima...
Abraçao, continue postando, por favorrrrrr
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